Você está na sua faculdade. Entra em uma sala, onde se depara
com todos os professores do seu departamento. Estão todos prontos para ouvir
você para sua defesa de TCC. Mas logo você se dá conta de que se esqueceu de
colocar a roupa e está completamente nu.
Fique calmo, isso foi só um sonho. E se há algo que os
seres humanos têm em comum são as experiências um tanto quanto interessantes -
e as tentativas de interpretá-las ao acordar.
Mas afinal, por que sonhamos? Por que os sonhos se repetem? O
que acontece no nosso cérebro quando sonhamos?
Sonho REM
Essa questão começou a ser respondida pelo fisiologista
Eugene Aserisnky, da Universidade de Chicago, em dezembro de 1951.
Aserinsky conectou seu filho de 8 anos a um
eletroencefalograma para analisar as ondas cerebrais produzidas durante o sono
da criança. A princípio, ele não percebeu muita atividade até que, de repente,
as agulhas do aparelho começaram a se mover rapidamente.
O cientista achou que o filho tivesse acordado, mas ao entrar
no quarto ficou surpreso ao ver que ele ainda estava dormindo. O monitor
mostrava que os olhos e o cérebro da criança estavam bastante ativos.
Aserinsky chamou essa fase do sono de REM (Rapid Eye
Movement), também conhecida pelo acrônimo MOR (Movimento Ocular Rápido),
Os ciclos REM acontecem mais ou menos a cada 90 minutos e
podem durar até meia hora. Em adultos, constituem um quarto do sonho.
Foi constatado que, quando as pessoas acordam após passar por
uma fase REM, geralmente relatam ter sonhado.
O cérebro pode ficar bastante ativo durante o sono, mas o que
acontece com nosso corpo é bem diferente.
"Quando dormimos, o tônus muscular do corpo começa a
diminuir e desaparece completamente ao entrar em REM. Na verdade, os únicos
músculos que estão trabalhando são o diafragma e o coração. Essa perda de tônus
pode acontecer para que a gente não aja fisicamente em toda cena que ocorre durante
o sonho, que muitas vezes envolve movimento. Pode ser perigoso agir quando você
está dormindo", explica o pesquisador Mark Balgrove, da Universidade de
Swansea, no País de Gales.
Teorias
Diversos estudos e observações produziram uma série de
teorias sobre a função dos sonhos:
- Simulação de ameaça: essa
teoria sustenta que as pessoas praticam nos sonhos como lidar com ameaças.
Neles, o indivíduo pode lutar contra leões, escapar de uma gangue ou responder
com firmeza quando é humilhado. São simulacros, diz Balgrove: "Essa
prática, embora você não consiga se lembrar ao acordar, ajuda você a se manter
em forma durante as horas de consciência".
- Consolidação da memória: essa teoria afirma que à noite o cérebro está trabalhando na
compilação de lembranças. Assim, o estranhamento que às vezes se manifesta nos
sonhos pode ser resultado da tentativa do cérebro de vincular duas coisas que
normalmente existem de forma independente, mas precisam se relacionar.
- Redução do medo: essa
teoria diz que aprendemos ou acumulamos muitos medos quando estamos acordados,
e ao dormir, reduzimos as preocupações ao sonhar com nossos temores, mas
possivelmente em um contexto diferente. Isso ajudaria a eliminar ou reduzir o
medo. Mas Balgrove adverte: "Existe a possibilidade de o sonho falhar.
Neste caso, se transforma em pesadelo e dá medo".
Alguns estudiosos argumentam que sonhos são um efeito
colateral acidental da evolução de nossas habilidades intelectuais
desenvolvidas ao longo de milhões de anos. Uma conjuntura entre um estado de
sono ativo misturada com grande capacidade cerebral.
Como se alguém tivesse acesso a 50 sonhos seus, teria uma boa
ideia das suas preocupações, dos seus interesses, de quem você gosta ou não.
Nesse sentido, eles não são sandices aleatórias, são retratos psicológicos,
pegadas digitais da sua mente.
E você? O que sonhou na noite passada?
Petianos Claudio Freire e Isabela Grilo