terça-feira, 2 de maio de 2017

Coluna Científica

ODONTOLOGIA E DISTÚRBIOS DO SONO

É sabido que dormir bem é relaxante e faz muito bem à saúde. Em contrapartida, noites mal dormidas podem afetar muito negativamente a vida das pessoas. Estudos sérios apontam que trinta por cento da população brasileira apresenta algum distúrbio ligado ao sono. Uma noite mal dormida pode estar relacionada, além de fatores otorrinolaringológicos ou odontológicos, à alimentação inadequada, uso de drogas lícitas ou ilícitas, problemas de ordem psicossocial, doenças orgânicas, maus hábitos, falta de rotina, sobrecarga de funções, dentre outros. Ainda acredita-se que o sono está envolvido no processo de consolidação da memória. Um recente estudo realizado pela Escola de Medicina de Harvard (EUA) afirma que dormir menos do que o necessário pode dificultar o aprendizado e a memorização de informações novas.

A Odontologia do Sono entra legalmente no processo com o objetivo de tratar problemas com esses distúrbios, além de permitir, ao cirurgião-dentista, controlar distúrbios que desenvolvem-se ou potencializam-se enquanto dormimos.

O papel da Odontologia do Sono está se tornando cada vez mais significante, especialmente na condução de pacientes com ronco e AOS (adultos e crianças), na abordagem preventiva de tais distúrbios, e ainda no manejo de pacientes com bruxismo do sono. Entretanto, devemos saber que há vários problemas de saúde associados, como depressão e ansiedade, até alterações cardiovasculares, como a hipertensão arterial sistêmica, doença coronariana e arritmia cardíaca.


O ronco pode ser manifestação inicial de um problema mais grave como sobrecarga cardiopulmonar, doenças respiratórias, sonolência durante o dia, baixo rendimento intelectual e no trabalho, cansaço e irritabilidade persistentes, fadiga e grande dificuldade em adormecer. No caso das crianças que roncam - Fig. 2 -, é possível perceber grande agitação no decorrer do dia e igual dificuldade em adormecer.
No caso da apneia - Fig. 3 - (falta da entrada de ar quando dormindo por mais de 10 segundos), a síndrome está associada a uma sonolência excessiva diurna, fadiga, diminuição da memória e falta de concentração. O bruxismo - Fig. 1 - (hábito de ranger ou apertar os dentes) pode ter como consequências, além do desgaste dental e comprometimento estético e funcional destes, dor de cabeça, desconforto e má qualidade do sono.


A causa da apnéia obstrutiva do sono é na maioria das vezes multifatorial, sendo conseqüência de um colapso ou de um grande estreitamento da via aérea superior que ocorre durante o sono. O estreitamento e colapso da faringe pode ser devido ao relaxamento da musculatura ao redor da faringe (o que acontece com o uso de álcool, sedativos e durante o sono profundo); excesso de tecido (hipertrofia de adenóide a amígdalas, pálato alongado, língua volumosa, e mais raramente presença de cistos e tumores na faringe), obesidade (acúmulo de gordura ao redor da faringe) e alterações do esqueleto facial (pessoas com queixo e maxila pequenos e posteriorizados). O decúbito dorsal, ou seja, dormir de barriga para cima, pode facilitar este estreitamento da faringe em algumas pessoas.

Uma equipe multidisciplinar deve contar com a participação de médicos, cirurgiões-dentistas, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, técnicos em polissonografia, entre outros. Na abordagem do portador de ronco e apneia, esse fato é de extrema importância. No diagnóstico, o papel do médico é, sem dúvida, imprescindível, assim como o técnico de polissonografia durante a execução do exame. Durante o diagnóstico da parte craniofacial, o cirurgião-dentista é essencial, assim como na condução do tratamento com aparelhos intraorais e no seu acompanhamento em longo prazo. O cirurgião-bucomaxilofacial tem destaque na abordagem cirúrgica desses pacientes com cirurgia ortognática. O papel do fonoaudiólogo é importante quando esse tratamento é indicado como coadjuvante ao Aparelho Intraoral ou CPAP nasal (“Continuous Positive Airway Pressure”).

CPAP nasal


Um dos procedimentos para se diagnosticar os distúrbios do sono é a polissonografia, exame de monitoramento do sono do paciente, que objetiva investigar as causas e a gravidade das doenças. Feito o diagnóstico e quando é o caso, o paciente é encaminhado pelo médico ao dentista. Em ordem inversa, pode também o paciente em consulta com o seu dentista, ser encaminhado ao médico, para um exame mais específico. Dentre as alternativas de tratamento, uma pode ser o uso do CPAP, uma máscara que injeta ar, melhorando o padrão respiratório do paciente, durante todo o tempo em que dorme. Caso seja diagnosticado somente o ronco ou a apneia leve, o tratamento poderá ser realizado pelo cirurgião-dentista, através do uso de um aparelho intra-oral específico.

Polissonografia

Neste cenário, os aparelhos odontológicos intrabucais destacam-se por suprir os pontos negativos já mencionados. Feitos de silicone, aço inoxidável e de fácil adaptação, eles são uma ferramenta prática para diminuir as implicações do ronco e a apneia já na sua primeira fase de uso.

O seu princípio é bastante simples: eles mantêm a mandíbula firmemente avançada, esticando os tecidos da garganta e deixando o caminho livre para a entrada de ar, evitando, desta forma, os vários segundos que em que o corpo normalmente ficaria sem oxigênio. Ao mesmo tempo em que isto se verifica, a boca é mantida fechada (pois os dentes estão sendo segurados pela estrutura) e os músculos da região são forçados a permanecer tensos e firmes, evitando as emissões de som.

Fontes:
http://cfo.org.br/sem-categoria/odontologia-do-sono-se-propoe-a-tratar-quem-sofre-com-apneia-leve-ronco-e-bruxismo/
http://www.absono.com.br/leigos/apneia-obstrutiva-do-sono/

Petianos Responsáveis:
Samuel Kaik Alves de Lima
Marcelo Augusto Seron




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